Pular para o conteúdo principal

Mantendo-se Firme: Um Chamado ao Jovem Cristão Solteiro – Rev. Ricardo Rios Melo

 Mantendo-se Firme: Um Chamado ao Jovem Cristão Solteiro – Rev. Ricardo Rios Melo 


Introdução


Em um mundo cada vez mais secularizado, a juventude cristã enfrenta desafios imensos. A sociedade contemporânea é marcada pelo imediatismo, pelo culto aos prazeres e pela superficialidade. Neste contexto, como manter-se fiel aos ensinamentos de Cristo? O jovem solteiro, em particular, lida com tentações específicas, seja na esfera dos relacionamentos ou das ambições profissionais e pessoais. É necessário, então, revisitar a Palavra e a sabedoria dos grandes mestres cristãos, que ofereceram orientações valiosas sobre como viver uma vida centrada na fé.


1. A Fábrica de Ídolos no Coração Humano


João Calvino, em suas "Institutas", nos lembra que o “coração humano é uma fábrica de ídolos” (Calvino, 2006, Livro I, Cap. XI, §8). Ele enfatiza que o ser humano é constantemente tentado a substituir a suficiência de Cristo por qualquer outra coisa que ofereça prazer momentâneo. Para o jovem solteiro, isso pode se manifestar na idolatria do sucesso, do relacionamento idealizado ou da busca constante por validação. A Bíblia nos lembra, em Jeremias 17:9, que “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto” (ARA). Somos chamados a buscar nossa identidade e nosso valor em Cristo, e não nas ilusões que nosso coração fabrica.


2. A Vigilância do Pensamento e a Santidade da Mente


Richard Baxter, em seu "Diretório Cristão", aponta que "todo pecado começa no pensamento" (Baxter, 2002, p. 125). A luta pela santidade começa no campo dos pensamentos. A mente deve ser guardada, pois é onde se inicia o processo de queda. O apóstolo Paulo, em Romanos 12:2, exorta-nos: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente” (ARA). Para o jovem cristão solteiro, o desafio é evitar as distrações e as imagens que desviam o coração de Cristo, mantendo a mente focada na verdade do Evangelho.


3. A Importância das Resoluções e a Prioridade da Glória de Deus


Jonathan Edwards, em suas famosas resoluções, escreveu: “Resolvi que farei sempre aquilo que vier a entender como o mais para a glória de Deus” (Edwards, 2009, p. 10). Em um tempo onde cada decisão pode parecer trivial, Edwards nos lembra que devemos ter um compromisso constante com a glória de Deus em cada escolha que fazemos. A primeira carta aos Coríntios reforça isso ao dizer: “Quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Co 10:31, ARA).


4. A Oração e a Palavra como Fontes de Força Espiritual


Para Joel Beeke e Joseph Pipa, a oração e a leitura da Palavra são as “respirações” da vida espiritual. Sem elas, a fé esmorece. Como afirma Beeke, “a oração é a respiração do crente” (Beeke, 2015, p. 60). O jovem cristão solteiro deve buscar diariamente a presença de Deus, pois é nEle que encontramos forças para resistir às tentações e viver em santidade. Filipenses 4:6 nos instrui: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças” (ARA).


5. A Juventude como Período de Raízes Espirituais Profundas


J.C. Ryle, em seu clássico sobre a juventude cristã, afirma que “a religião que está enraizada na juventude é, geralmente, a mais forte e duradoura” (Ryle, 2012, p. 30). A juventude é o momento ideal para estabelecer raízes profundas na fé. Lembrando-se das palavras de 2 Timóteo 2:22: “Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor” (ARA). Ryle nos lembra da importância de cultivar a obediência a Deus desde cedo, pois esses hábitos espirituais se tornam bases sólidas para o restante da vida.


6. A Realidade de uma Eternidade Prometida


C.S. Lewis apresenta uma verdade profunda ao afirmar: “Se encontro em mim um desejo que nenhuma experiência neste mundo pode satisfazer, a explicação mais provável é que fui feito para outro mundo” (Lewis, 2008, p. 125). O jovem cristão solteiro, ao sentir-se insatisfeito com as coisas terrenas, deve lembrar que seu verdadeiro lar está com Cristo na eternidade. Em Colossenses 3:2, lemos: “Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra” (ARA). Essa perspectiva eterna oferece a força necessária para viver em santidade e fidelidade.


Conclusão


Ser um jovem cristão solteiro nos dias atuais é um desafio, mas também uma oportunidade para testemunhar a fidelidade de Deus. Como Ted Tripp coloca, a disciplina e os limites são fundamentais para a vida piedosa (Tripp, 2010, p. 80). Que a juventude cristã se fortaleça nas Escrituras e nas orações, lembrando-se que “a graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo” (2 Co 13:13, ARA) estão com todos aqueles que buscam viver para a glória de Deus.


Referências


BAXTER, Richard. Diretório Cristão. São Paulo: Editora Puritanos, 2002.


BEEKE, Joel R.; PIPA, Joseph. Vivendo para Deus. São Paulo: Editora Fiel, 2015.


CALVINO, João. As Institutas da Religião Cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.


EDWARDS, Jonathan. Resoluções. São Paulo: Editora Fiel, 2009.


HENRY, Matthew. Comentário Bíblico de Matthew Henry. São Paulo: Editora Fiel, 2013.


LEWIS, C.S. Cristianismo Puro e Simples. São Paulo: Martins Fontes, 2008.


RYLE, J.C. O Jovem Cristão. São Paulo: Editora Fiel, 2012.


TRIPP, Ted. Pastoreando o Coração da Criança. São Paulo: Editora Fiel, 2010.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

“Sem lenço e sem documento” – uma análise do crente moderno

“Sem lenço e sem documento” – uma análise do crente moderno Por: rev. Ricardo Rios Melo Essa frase ficou consagrada na canção de Caetano Veloso, “Alegria, Alegria”, lançada em plena ditadura no ano de 1960. A música fazia uma crítica inteligente ao sistema ditatorial e aos seus efeitos devastadores na sociedade da época. Era um período difícil em que falar contra o regime imposto era perigoso e, em muitos casos, mortal. Destarte, a minha intenção é usar apenas a frase da música “sem lenço e sem documento”. Essa expressão retrata a ideia de alguém que anda sem objetos importantes para sair de casa na época da escrita. Hoje, ainda é importante sair com o documento de identidade. Alguns acrescentariam celular e acessórios; contudo, a identificação de uma pessoa ainda é uma exigência legal. Andar sem uma identificação é sempre perigoso. Se uma autoridade pará-lo, você poderá ter sérios problemas. É como dirigir um carro sem habilitação. Você pode até saber dirigir, mas você...

“Águas passadas não movem moinho”

“Águas passadas não movem moinho” Por Rev. Ricardo Rios Melo Esse ditado popular: “Águas passadas não movem moinho” é bem antigo. Retrata a ideia, como diz minha sabia avó, de que, quando alguém bate em sua porta, você não pergunta: “quem era?”; antes, “quem é”.   Parece mostrar-nos que o passado não tem importância ou, pelo menos, não deve ser um obstáculo para andarmos para frente em direção ao futuro. É claro que o passado tem importância e que não se apaga uma história. Contudo, não devemos exagerar na interpretação desse ditado; apenas usá-lo com o intuito de significar a necessidade de prosseguir em frente, a despeito de qualquer dificuldade que se tenha passado. Apesar de esse adágio servir para estimular muita gente ao longo da vida, isso parece não ser levado em conta quando alguém se converte a Cristo. É comum as pessoas falarem: “Fulano se converteu? Não acredito! Ele era a pior pessoa do mundo. Como ele pôde se converter?” O mundo pode aceitar e encobr...

Onde estão nossas lágrimas?

Há muito, “num relatório da Conferência Estudantil Missionária de 1900, há no apêndice uma declaração: CASO houvesse um único cristão no mundo e ele trabalhasse e orasse durante um ano para conquistar um amigo para Cristo, e CASO, então, essas duas pessoas continuassem a cada ano a conquistar mais uma pessoa, e “CASO cada pessoa que também foi trazida ao reino conduzisse a cada ano uma outra pessoa a Cristo”. A progressão matemática revelou que ao final de 31 anos haveria mais de dois bilhões de cristãos. Alguns talvez duvidem da validade dos cálculos, os quais estão inteiramente fora do domínio das leis da probabilidade ou das promessas da Palavra de Deus. Outros talvez questionem o acerto de um cálculo que parece levar em conta que todos os que se tornarem cristãos estarão vivendo durante todo aquele período de 31 anos, embora saibamos que aproximadamente um trigésimo da população da terra morre a cada ano. Deixando tais indagações de lado, quero simplesmente considerar o princípi...