No
corredor da morte
por Rev. Ricardo Rios Melo
O que você faria se fosse sentenciado à
morte? O que você pensaria? O que você mudaria em sua vida? E se você tivesse
uma chance de viver? Pois é, muitas pessoas apenas param para pensar na vida
quando estão em um leito de hospital ou quando a morte é iminente. Pensamentos
existenciais normalmente são descartados: “quem sou eu?”, “O que estou fazendo
nesse mundo?” “Para onde vou?”, “Qual a finalidade da vida?”, “Minha vida valeu
a pena?”
Infelizmente, a vida agitada e corrida da
pós-modernidade tem fabricado robôs humanos que deixaram de fazer perguntas que
nortearam muitos antepassados. Isso lembra um filme excelente de Charles Chaplin:
“Tempos Modernos”, onde Carlitos faz a célebre cena de um operário vítima do
automatismo industrial. Um filme que nos ensina como falar verdades brincando,
como o próprio Chaplin dizia: “Se tivesse acreditado na minha brincadeira de dizer
verdades teria ouvido verdades que teimo em dizer brincando, falei muitas vezes
como um palhaço, mas jamais duvidei da sinceridade da plateia que sorria”.
A finalidade da vida e
o valor da existência direcionavam ações e geravam compromissos inalienáveis. A
certeza de uma missão no mundo foi propulsora de muitas ações de valor e
dignidade.
Contudo, estamos na era da praticidade. O
importante é o rápido, flexível, móvel. É o momento da mensagem instantânea no
celular, da internet 4G, do microondas, das sopas em copinho. As publicações no
Facebook, Whatsapp e outros sites de relacionamento transformam frases
existenciais profundas, utilizadas sem reflexão, em frases vazias, apenas para
uma breve olhada despretensiosa. Não é difícil ler no mural de muitos facebookianos frases de filósofos,
pensadores, psicólogos, teólogos, educadores, historiadores dentre outros.
Todavia, essas frases nas redes sociais são
meras apresentações dos momentos específicos e rápidos da vida desses notáveis
desconhecidos facebookianos. Ele é paparazzo dele mesmo! E faz questão de registrar
seus momentos mais felizes no jornalismo mais rápido da internet: Facebook e
redes similares, twitter, dentre outras.
Não há tempo para pensar na vida, nos valores
e temores. Só uma crise leva esse homem pós-moderno parar para pensar na vida;
uma depressão, uma enfermidade terminal, uma perda familiar. Quando se ouve
alguém falar na vida, geralmente é uma filosofia pessimista e fatalista que levam
o homem para o abismo e ao desespero, pois não há esperança.
Uma desfragmentação da humanidade e de seus
valores tem formado uma humanidade sem direção ou objetivo. A ideia que reina é
viver e, se não interferir na sua vida, deixar viver. Viver para comer,
sobreviver, curtir, guardar recursos para se aposentar, criar os filhos, amar e
ser amado: tudo isso são coisas que em si mesmas não são ruins. Entretanto,
preenchem o pensamento atual de tal forma, que a reflexão existencial inexiste.
A
frase de “que a única certeza que temos na vida é a morte” não passa mais pela
cabeça desses transeuntes da vida. São passageiros da vida “rodando sem
parar”. Marisa Monte traz uma ideia
atual na canção Seja Feliz: “Seja feliz Com seu país; Seja feliz Sem
raiz; Seja feliz Com seu irmão; Seja feliz Sem razão; Tão longa a estrada; Tão
longa a sina; Tão curta a vida; Tão largo o céu; Tão largo o mar; Tão curta a
vida; Curta a vida”.
A felicidade pretendida pela música e a
inteligência dos trocadilhos esconde uma cilada: o importante é ser feliz, pois
a vida é curta. Então, curta a vida. O problema reside no fato de que o sentido
da vida não é pensando e, muito menos, almejado. A ideia é: viva vivendo, pois
a morte chegará e dará um ponto final à sua existência. A morte dará fim a sua
festa na vida.
Esses pensamentos não contemplam a ideia
metafisica pensada pela filosofia grega platônica, pré-socrática, filosofia
oriental e sequer pelo cristianismo, que consideram algo além da matéria.
Existe algo além da vida. A morte não é um
fim. Aquilo que se faz hoje ecoa para a eternidade. Eternidade? Isso mesmo! O cristianismo afirma que a vida
é eterna e que, apesar de estarmos o tempo todo no corredor da morte, a morte
não é fim.
A
sentença de morte, dada pelo Juiz Supremo, no terceiro capítulo do livro de
Gênesis, é antecedida pelo anúncio da misericórdia, ou seja, da absolvição: “Porei inimizade
entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te
ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15).
“E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua
gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu
marido, e ele te governará. E a Adão disse:
Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara
não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o
sustento durante os dias de tua vida” (Gn 3.16,17).
Para
a Bíblia, o corredor da morte é uma sentença irrevogável. Por isso, Deus envia
seu Filho, nascido de mulher (Mt 1.23), para pagar a pena na Cruz. É a cruz
mortífera que concede vida aos sentenciados no corredor: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos
pecaram” (Rm 5.12).
A
boa noticia é que a morte não é o fim para os que creem em Cristo: “Por isso, quem crê
no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho
não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jo 3:36).
“Em verdade, em
verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a
vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (Jo 5.24).
“Em verdade, em
verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna” Jo 6:47. “Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a
vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.54).
“Ninguém tem maior
amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” (Jo 15.13).
Venha
a Jesus Cristo e saia do corredor da morte!
Deus
nos abençoe!
Rev.
Ricardo Rios Melo
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