“Bela, recatada e do lar” – uma breve análise da corrosão
dos valores
No dia 18 de abril de 2016, a
revista Veja fez uma reportagem sobre Marcela Temer. Ela é esposa do ainda
vice-presidente Michel Temer. Marcela, que é 43 anos mais nova que Michel, foi
retratada como uma bela mulher que já concorreu em concursos de beleza e que é
formada em direito.
A reportagem retrata uma jovem recatada
que é auxiliada por sua mãe. Ela é uma pessoa reservada e “do lar”. Concentra-se
em cuidar do seu filho e é discreta e educada. O final da revista diz que “Michel
Temer é um homem de sorte”.
Bom, o que há de tão importante
nessa matéria? A reportagem gerou polêmica nas redes sociais; chacota de alguns
jornalistas. Alguns falaram que foi uma matéria com a clara intenção de elogiar
o vice-presidente. Contudo, o que mais foi criticado é o fato de Marcela ser “bela,
recatada e do lar”.
Essa reportagem me fez lembrar um
episódio emblemático da política brasileira, que retrata bem nossos dias e
costumes, e como a deterioração da sociedade é rápida. Em 1994, em pleno
carnaval, a modelo Lilian Ramos apareceu sem calcinha ao lado do então
presidente Itamar Franco, seu namorado. Itamar substituiu o ex-presidente Collor
de Mello, que havia renunciado em pleno processo impeachment.
Lilian estava ao lado de Itamar, no
camarote da escola de samba Marquês de Sapucaí. Esse episódio desencadeou
reportagens e discursos dos congressistas da época pedindo o afastamento de
Franco. O episódio foi suplantado após algumas
semanas com o anúncio do Plano Real.
Faz 22 anos que esse fato com
Itamar quase abalou a nação (e poderíamos ter presenciado uma nova renúncia
depois da de Collor). Alguns deputados pediram o impedimento do presidente Franco
por conta da falta do recato de Lilian.
Hoje o que tem escandalizado as
pessoas é o fato de Marcela ser “bela, recatada e do lar”. É um mundo estranho
esse em que vivemos onde todos têm liberdade de fazer até libertinagem, mas não
podem escolher ficar em casa, cuidar dos filhos e do marido.
A questão não é a guerra ridícula
entre feminismo e machismo. A questão é: uma mulher não pode escolher ficar em
casa e cuidar do marido e de seus filhos, pois a sociedade feminista não
permite.
Em plena época das bandeiras da
liberdade, Marcela foi condenada por alguns midiáticos por escolher ficar em
casa cuidando de Michelzinho. Mulheres começaram a criticar Marcela por conta
disso.
Há 22 anos, uma mulher sem recato
quase levou um presidente a sair do seu cargo; hoje uma mulher recatada é chicanada.
O pior não é isso. Tem mulheres
que se dizem crentes criticando a Marcela por sua escolha. Mulher, se você
trabalha fora, por necessidade ou opção, é uma escolha sua e de seu marido. Isso
faz parte de uma decisão de vocês. Contudo, sentir-se ofendida por existirem mulheres
que são apontadas como belas, recatadas e do lar é algo totalmente indecente,
impróprio e, como dizem os mais jovens, “sem noção”.
Biblicamente falando, isso é
desvirtuamento da missão da mulher na Bíblia. Não estou arrazoando sobre o
trabalho feminino, e sim, sobre a corrosão da nossa sociedade. Ser mãe, cuidar
do marido e dos filhos é totalmente humilhante para essa sociedade que caminha
para a destruição da família chamada: padrão.
Pode-se tudo nessa sociedade. Mas,
não se tolera valores judaico-cristãos.
Michel é, sem dúvida, um homem de
“sorte”! Eu, que tenho uma esposa que trabalha fora, também sou um homem de
sorte, abençoado por Deus, pois tenho uma mulher: bela, recatada e do lar.
Você que é uma mulher que
trabalha fora e tem sua carreira, não se esqueça que sua maior vitória não será
ganhar o mundo, mas ganhar sua família.
“Levantam-se seus filhos e lhe
chamam ditosa; seu marido a louva, dizendo: Muitas mulheres procedem
virtuosamente, mas tu a todas sobrepujas” (Pv. 31. 28-29).
Em tempos de dificuldades sociais
e econômicas, é notório que as mulheres precisam entrar no mercado de trabalho
e tem feito esse papel de maneira gloriosa. As mulheres são competentes e
dedicadas. O mundo corporativo ganhou com a inserção das mulheres no mercado. Portanto,
não estou defendendo extremos. Isso não é uma guerra machista x feminista.
A questão é que, mesmo sem saber
qual é a religião da Marcela Temer, eu entendo biblicamente que a principal
missão da mulher é o seu lar: “Todavia, será preservada através de sua missão
de mãe, se ela permanecer em fé, e amor, e santificação, com bom senso” (1. Tm
2.15).
Não se trata de defender que as
mulheres retrocedam em suas conquistas sociais e econômicas, mas é bom notar
que o que está em jogo são valores que ultrapassam o simples fato de ficar em
casa ou sair para trabalhar.
O que está em jogo é o valor da
mulher. O que é ser mulher? O feminismo, falando de maneira bem simplista, trabalha
com a ideia de igualdade: ser mulher é ter direitos iguais aos dos homens. A
Bíblia fala que a principal e excelente igualdade entre homens e mulheres está
no fato de Deus tê-los criados da mesma essência.
A excelência, tanto do homem como
da mulher, está no fato de terem sido criados à imagem e semelhança de Deus.
Entretanto, mesmo sendo iguais em
natureza, são distintos em funções. A mulher naturalmente e como muita
facilidade pode fazer muitas coisas que o homem faz. O homem jamais poderá
naturalmente fazer algo tão sublime que é gestar e gerar um filho.
Paulo de Tarso, considerado pelas
feministas como machista, inspirado por Deus (portanto não pode ser
anacronicamente considerado machista), fala algo belíssimo:
Porque o homem não foi feito da mulher, e sim a
mulher, do homem. Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, e
sim a mulher, por causa do homem. Portanto, deve a mulher, por causa dos anjos,
trazer véu na cabeça, como sinal de autoridade. No Senhor, todavia, nem a
mulher é independente do homem, nem o homem, independente da mulher. Porque,
como provém a mulher do homem, assim também o homem é nascido da mulher; e tudo
vem de Deus (1 Co 11. 8-12). Grifo nosso.
Paulo lembra que a primeira mulher
veio de um homem: Adão; bem como todos os homens só podem vir da mulher e, inclusive,
o próprio Messias veio de uma mulher. “(...) vindo, porém, a plenitude do
tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl. 4.4).
A questão, portanto, não é uma
guerra entre homens e mulheres, mas a constatação do desvirtuamento da
sociedade que não aceita algo tão natural: uma mulher ser mãe e cuidar dos
filhos e lar.
Entender que a sociedade corre
para a confusão de papeis é esperado. Não se espera, entretanto, que mulheres
cristãs discutam esses assuntos dentro da agenda feminista ou sejam norteadas
por princípios feministas. Isso é corrosão da igreja.
Faço um apelo a você irmã, que
trabalha fora do “lar”: não se sinta menor por trabalhar e ganhar o pão tão
necessário à sobrevivência. Você pode ser uma mulher “bela, recatada e do lar”,
mesmo tendo um emprego. Todavia, não se esqueça que seu papel principal é no
seio de sua família.
Para você que é uma mulher “do
lar”, eu apelo para que não se sinta desprezada ou despersonalizada pelo fato
de cuidar do seu lar. Você está engajada em uma missão maior.
A beleza, o recato e a família devem
ser louvado por homens e mulheres.
Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar,
com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte
mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da
mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações (1 Pe 3.7).
Os homens são homens de “sorte”! Somos
abençoados por Deus, pois um dia Deus disse: “Disse mais o SENHOR Deus: Não é
bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” (Gn
2.18,19).
Ser bela e recatada não é o
problema. Ser do lar não é problema. A grande novidade é que vivemos em um
mundo desvirtuado, despudorado, um mundo que se tem tornado cada vez mais feio
pelo pecado.
“São os teus olhos a lâmpada do
teu corpo; se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; mas, se
forem maus, o teu corpo ficará em trevas” (Lc 11.34).
Deus nos abençoe!
Rev. Ricardo Rios Melo.
Comentários
No egoísmo, na contabilidade dos interesses é impossível florescer amor. Aliás, a verdade é que somos incapazes de amar. O amor é dom de Deus e quem não tem esse relacionamento com Deus não consegue amar nada e ninguém, as vezes nem a si mesm0s. Quanto a bela Marcela Temer tem todo direito como cada uma de nós de escolher o caminho que deseja para si. Essa histeria e hipocrisia são aceitáveis no meio de descrentes, que não tem clareza espiritual nos seus discernimentos, mas entre nós é inaceitável. O bem não prospera no ódio, na dissensão. Não participemos disso!