O preconceito do preconceito
Rev.
Ricardo Rios Melo
A idade moderna passou. Nós somos agora pós-modernos,
mesmo que não entendamos o que seja isso. A geração X foi embora e estamos na
geração Y. Para que entendamos isso,
vejamos a definição de Fernando
Viana:
Pessoas
que tem a habilidade de fazer muitas coisas ao mesmo tempo: falar ao telefone,
escrever e-mails, baixar músicas e filmes na internet, conversar com várias
pessoas nos programas de bate papo, ler jornais nos sites e ao mesmo tempo
escrever um relatório sobre um projeto de trabalho. Este grupo é chamado por “Geração Y”,
ou seja, são pessoas que nasceram no final da década de 70 até o início da
década de 90, que têm idade entre 16 e 29 anos e, portanto, estão ligados à
internet desde que nasceram e que, muitas vezes, possuem habilidades
tecnológicas que superam às das gerações anteriores. Essa geração foi precedida
por duas gerações de características bastante diferenciadas: a geração que foi
chamada de “Baby Boomers” constituída por indivíduos que nasceram entre 1946 e
1965 e a “Geração X” constituída por indivíduos que nasceram entre 1966 e 1975
(...)[1]
A
geração pós-moderna e a geração Y “assovia e chupa cana ao mesmo tempo”; talvez
nem entendam esse adágio popular já que estão em outra esfera do tempo.
É
uma geração que advoga o pluralismo, o discurso politicamente correto e,
sobretudo, a quebra do preconceito. Entretanto, o que é um preconceito?
A
definição do Aurélio é a seguinte: [De pre- + conceito.] S. m. 1. Conceito ou
opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos
fatos; idéia preconcebida. 2. Julgamento
ou opinião formada sem se levar em conta o fato que os conteste; prejuízo. 3. P. ext. Superstição, crendice;
prejuízo. 4. P. ext. Suspeita,
intolerância, ódio irracional ou aversão a outras raças, credos, religiões etc.
A
quarta significação relatada é a pior de todas, pois é “intolerância, ódio
irracional ou aversão as outras raças, credos, religiões”. Esse tipo de
preconceito poderia ser resumido como um ódio gratuito.
Inicialmente,
gostaria de falar da etimologia da palavra preconceito. Ela é formada do
prefixo pré que vem do latim prae o qual
significa: anteriormente. A palavra conceito, oriunda do latim conceptu significa, dentre outras
coisas, ação de formular uma idéia por meio de palavras; definição,
caracterização, pensamento, idéia, opinião.
A
palavra na raiz, (pré + conceito =) preconceito, poderia significar uma opinião
ou pensamento prévio sobre alguma coisa. Nesse sentido, todas as pessoas são
preconceituosas, pois temos nossos juízos prévios sobre tudo e todos.
Para
se estabelecer que o preconceito é ruim, precisamos ter um preconceito ou um
juízo preconcebido sobre ele. Talvez esse preconceito tenha surgido em nossas
mentes sem maiores aprofundamentos sobre o assunto, pois, via de regra, não nos
aprofundamos sobre tudo, mas temos um juízo sobre tudo. Isso significa que
temos um preconceito sobre quase todas as coisas relacionadas à vida, já que no
mundo tão diverso e amplo não sabemos tudo de tudo, mas, pouco de pouco. Assim,
somos altamente preconceituosos.
Portanto,
quando alguém me chama de preconceituoso, pergunto sobre que prisma ou
significação ele fala. Se ele disser que tenho um pré-julgamento sobre algo,
está corretíssimo, pois ele mesmo precisou do preconceito dele para julgar se
eu era preconceituoso. Mas, o que tem ocorrido em nossos tenebrosos dias é que
quando não aceitamos alguma coisa ou não pensamos como a ditadura da maioria,
somos tidos como preconceituosos dentro da quarta significação que lhes falei:
ódio ao outro, perseguição. Isso é uma falácia e ditadura comportamental, pois quer
impossibilitar que você pense diferente. Isso é estranho, pois, no mundo da
pós-modernidade e da geração Y, em que a diversidade é ovacionada, porque não
tenho direito de pensar diferente dos outros, entendeu? Exemplo: eu não fumo e
acredito que o cigarro faz mal à saúde. Esse preconceito pode até ter sido
elaborado por médicos e profissionais da saúde por longa pesquisa, todavia, eu,
reles mortal, apenas aceitei o que disseram, ou seja, não me aprofundei: juízo
breve sobre algo: preconceito. Contudo, como esse preconceito foi estabelecido
pela maioria, isso se torna politicamente correto. Portanto, o problema não
está no preconceito em si, mas na decisão comportamental da maioria ou da
minoria que governa os pensamentos pós-modernos.
Dentro
desse exemplo do tabagismo, eu não posso ser considerado preconceituoso no
sentido do ódio ao tabagista, pois eu não sou intolerante com ele, desde que
ele não fume no mesmo ambiente em que estou. Se isso acontecer, eu tenho o voto
da maioria para ser intolerante com ele e mandá-lo se retirar do ambiente ou
apagar o cigarro.
Percebemos
com essa ilustração que o problema não é o preconceito, mas o preconceito do
preconceito. Todo preconceito é um pós-conceito. Ele se baseia em pós-conceitos
superficiais ou não.
O
discurso moderno contra o preconceito é mais um preconceito, visto que é
oriundo de julgamentos prévios leves ou profundos. Vejamos outro exemplo: suponhamos
que você queira criar seu filho dentro do padrão da família nuclear, a antiga
família padrão. A nova geração que vivemos não aceita a velha geração, ou seja,
tem preconceito. Você será chamado de careta e preconceituoso, pois você quer
que sua filha case-se com um homem e constitua uma família padrão. Certamente
sofrerá retaliação, insultos verbais, intolerância.
Se
você se der o trabalho de buscar na internet sobre o movimento pedófilo,
certamente encontrará na Wikipédia:
O activismo pedófilo[1] é hoje um movimento de importância marginal, que
esteve mais em voga entre as décadas de 1950 e 1990, e atualmente é mantido
exclusivamente por websites.
Segundo um de seus defensores, Frits Bernard, o movimento advoga a aceitação
social da atração sexual ou romântica de adultos com crianças, e consequentes actividades sexuais, pretendendo,
para esse fim, provocar mudanças sociais e judiciais como a mudança da idade de consentimento para idades mais infantis e a não categorização da
pedofilia como doença mental [1]. Outro de seus defensores, Tom O'Carroll, escreveu um
livro ( Paedophilia: The
Radical Case. Peter Owen, London, 1980.) em defesa da pedofilia, agora
esgotado. Mais tarde O'Carroll foi preso e condenado na Grã-Bretanha por "conspiração
para corromper a moral pública" e,
posteriormente, foi também condenado à prisão por produzir pornografia
infantil. Os objectivos desse movimento são repudiados pela opinião pública e
pelo Código Civil e, na prática, a idade em que esta crítica se aplica
varia de país para país [carece de fontes No Brasil é absoluta (juris et de jure) a presunção de violência em
qualquer tipo de sexo praticado com menores de 14 anos. Em Portugal pelo sistema judicial actual a idade passa para 16
anos.[carece de fontes
Atualmente,
a pedofilia é unanimemente considerada uma doença mental por toda a comunidade científica institucionalizada e
os actos ligados à pedofilia são considerados como crime na quase totalidade do
mundo, existindo considerável consenso de que a aproximação sexual entre
adultos e crianças é abusiva e vitimizante [1].
O
movimento é também chamado por alguns de Childlove
Movement[2][3], embora outros disputem essa equivalência. O termo female Childlove refere-se ao
relacionamento entre mulheres adultas e crianças (de qualquer sexo).[2]
Sou
contra a pedofilia e posso muito bem ser classificado de preconceituoso dentro
da ditadura da liberdade moderna. Sabe o que isso significa? Se a minoria dominante
ou a maioria dominante prejulgar que a pedofilia é correta, nós que somos da
geração ultrapassada seremos considerados preconceituosos e sofreremos o
preconceito.
Para
terminar, gostaria de citar o conceituado colunista da Veja Reinaldo Azevedo:
Não há
um só país de maioria cristã, e já há muitos anos, que persiga outras
religiões. Ao contrário: elas são protegidas. Praticamente todos os casos de
perseguição a minorias religiosas têm como protagonistas correntes do islamismo
— ou governos mesmo. Não obstante, são políticos de países cristãos — e Barack
Obama é o melhor mau exemplo disto — que vivem declarando, como se pedissem
desculpas, que o Ocidente nada tem contra o Islã etc. e tal. Ora, é claro que
não! Por isso os islâmicos estão em toda parte. Os cristãos, eles sim, são
perseguidos — aliás, é hoje a religião mais perseguida da Terra, inclusive por
certo laicismo que certamente considera Bento 16 uma figura menos aceitável do
que, sei lá, o aiatolá Khamenei…
O
pastor iraniano Yousef Nadarkhani foi preso em 2009, acusado de “apostasia” —
renunciou ao islamismo—, e foi condenado à morte. Deram-lhe, segundo a
aplicação da sharia, três chances de renunciar à sua fé, de renunciar a Jesus
Cristo. Ele já se recusou a fazê-lo duas vezes — a segunda aconteceu hoje.
Amanhã é sua última chance. Se insistir em se declarar cristão, a sentença de
morte estará confirmada. Seria a primeira execução por apostasia no país desde
1990. Grupos cristãos mundo afora se mobilizam em favor de sua libertação. A
chamada “grande imprensa”, a nossa inclusive, não dá a mínima. Um país islâmico
eventualmente matar um cristão só por ele ser cristão não é notícia. Se a
polícia pedir um documento a um islâmico num país ocidental, isso logo vira
exemplo de “preconceito” e “perseguição religiosa”.[3]
No
mundo da tolerância, os cristãos são perseguidos, humilhados e levados a morte.
Alguns poderiam argumentar sobre o passado truculento de alguns movimentos
históricos do cristianismo e dizer “bem feito!” Contudo, sem querer nos
desculparmos por isso, a história não poupa credo e nem descrença.
No
mundo pós-moderno, o preconceito no sentido do ódio e perseguição deveria ter
sido supostamente extinto. Será que foi?
Nós
cristãos não deveríamos nos assustar com a intolerância dos tolerantes, pois a
Bíblia nos adverte: “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em
Cristo Jesus serão perseguidos” (2 Tm 3.12).
O preconceito hoje é contra tudo aquilo que se chama de moral e bons
costumes!
Deus nos abençoe e nos fortaleça nesse mundo
preconceituoso.
Rev. Ricardo Rios Melo
[1] Fernando Viana, OS NOVOS TEMPOS: A CONVIVÊNCIA DAS GERAÇÕES X E Y NAS EMPRESAS.
http://www.infonet.com.br/fernandoviana/ler.asp?id=73931&titulo=Fernando_Viana, acesso em 30-09-2011.
[3] Reinaldo Azevdo, BLOG, http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/este-homem-foi-condenado-a-morte-no-ira-por-ser-cristao-ele-pode-se-salvar-basta-renunciar-a-cristo/ - acesso em 30-09-2011.
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