Pular para o conteúdo principal

Estêvão e Kiko

Estêvão e Kiko

Hoje eu quero lhes apresentar dois membros da igreja: um se chama Estevão e sua biografia é ampla. Foi chamado por Jesus e logo foi comissionado diácono; suas credenciais estão em At 6.5: “homem cheio do Espírito Santo”, “Cheio de graça e poder” (At. 6.8). Evangelista intrépido que incomodava a liderança religiosa da época (At. 6.9-15) também era um homem que tinha a sabedoria do Espírito (At 6.10).

Este Estevão é ativo, trabalhador. Como diriam alguns, “não tem tempo ruim”. Trabalhou tanto para o Senhor e incomodou tanto que tentaram calar seus lábios com testemunhas falsas (At 6.11). Levaram-no a um falso julgamento e o sentenciaram a morte; cometeram um crime, pois tanto o julgamento como a sentença foram incorretos e até a pena de morte aplicada foi fora da lei da época (At 7.1-60).

Estêvão tinha mais uma característica. Ele conhecia as Escrituras e confiava plenamente em Deus. Sua defesa foi o discurso fantástico desde os Patriarcas até Jesus. Esse homem lia as Escrituras e sabia manejá-la. Seu discurso foi tão forte que não deixou alternativa aos opositores a não ser recorrerem à injustiça e ao assassinato (At 7.59). Contudo, o final da vida desse servo de Deus é glorioso: ele mostra misericórdia para com seus algozes (At 7.60) e, descreve ver, de maneira majestosa, o Filho do Homem: “Mas, Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o filho do Homem, em pé à destra de Deus” (AT. 7. 55,56).

E o irmão Kiko? Vou lhes apresentar: o irmão Kiko é um irmão muito ocupado com seus afazeres, não tem tempo para testemunhar de Cristo. Desde que entrou na igreja nunca se engajou verdadeiramente na obra. É chato falar assim de alguém, mas esse irmão precisa de uma atenção redobrada, pois não progrediu na fé. Apesar de anos na igreja, continua soberbo e culpando a liderança e os outros por sua falta de engajamento na igreja local e no Reino de Deus.

Kiko deveria ser convidado para ser crítico de obras, pois, tudo o que os outros fazem, ele critica. Ele sempre acha que o que faz é melhor do que faz o outro. Contudo, não tem feito nada. É o famoso “fiscal de obras prontas!” É crítico ferrenho da igreja de Cristo e da liderança local. Sempre diz o que os outros deveriam fazer, entretanto não faz nada e muito menos se coloca como participante da crítica: autocrítica zero!

Estevão era um homem cheio do Espírito. Kiko é um crente cheio de si. Estevão era ativo e trabalhador; Kiko quer ver “se o mar pega fogo para ele comer peixe frito” – prefere ver as coisas darem errado para bater palmas e dizer: “eu não disse?!”.

Kiko chega, senta, assiste e vai embora do mesmo modo que chegou. Ele acredita que os sermões do seu pastor não têm na a ver com ele. Aliás, ele sempre acha que outros pastores ou pregadores são melhores do que o seu, pois Kiko sabe do que precisa e conhece todas as técnicas de pregação. Vale dizer, Kiko é formado em achologia e experienciologia; nada é mais profundo do que esse conhecimento. Para lhe ser mais franco, Kiko é doutor em qualquer área!

Kiko é um revolucionário por natureza! Ele sempre quer provocar uma revolução na igreja, ele quer uma insurreição. Ao invés de falar suas críticas aos líderes, ele prefere falar aos quatro cantos da igreja. É uma pessoa popular que contagia as outras com seu pessimismo e revolta. Muitas vezes, Kiko é saudosista de uma época da igreja em que ele nunca foi mais ativo do que é hoje.

Estêvão foi fiel até a morte. Kiko é fiel dependendo das circunstâncias e de quem está à frente da igreja. Estevão não se acovardou ante a situação de perigo e morte. Kiko que ver as coisas de longe. Ele é bem parecido com a fase ruim de Pedro quando negou a Cristo (Mt 26.75).

Kiko é sábio aos seus próprios olhos. Estêvão era sábio aos olhos do Senhor. Kiko é rancoroso, usa sua língua para difamar e provocar contendas, é cheio de mágoa e sem misericórdia para com os seus adversários. Estêvão usou seus lábios para pregar o Evangelho e orou pelos seus adversários: “Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado! Com estas palavras, adormeceu” (At 7.60).

Kiko é inconstante e de ânimo dobre. Estevão testemunhou até o fim de sua vida. Kiko tem saudades do que era. Estêvão sempre foi o que é. Kiko é arrogante. Estêvão humilde. Kiko olha de longe. Estevão faz.

O nome Estêvão vem da palavra grega transliterada Stephanos que significa: coroado ou coroa. Realmente ele é coroado e recebe a coroa da vida tendo a glória de ver o Senhor instantes antes de sua morte terrena: Mas, Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o filho do Homem, em pé à destra de Deus” (At 7.55,56).

Kiko é uma gíria brasileira que significa: o que é que eu tenho com isso? Kiko receberá sua paga no último dia. Se continuar desse jeito, é improvável que veja o Senhor com alegria. Talvez Kiko tenha a triste sentença: Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade” (Mt 7.23). Se Kiko for crente, ele está em pecado e deverá mudar sua vida para receber a coroa.

Queridos quem são vocês: Estêvão ou Kiko? Quem você gostaria de ser?

Espero que você escolha seguir o exemplo de Estêvão e assim receba a coroa da vida!

Deus os abençoe!

Rev. Ricardo Rios Melo

Comentários

Milton Jr. disse…
Muito bom cara...
Vou publicar no boletim aqui da igreja daqui uns domingos...
Caro Milton, obrigado! Será um honra participar do boletim de sua igreja, pois sei que você é criterioso!

abraço

Ricardo Rios

Postagens mais visitadas deste blog

“Sem lenço e sem documento” – uma análise do crente moderno

“Sem lenço e sem documento” – uma análise do crente moderno Por: rev. Ricardo Rios Melo Essa frase ficou consagrada na canção de Caetano Veloso, “Alegria, Alegria”, lançada em plena ditadura no ano de 1960. A música fazia uma crítica inteligente ao sistema ditatorial e aos seus efeitos devastadores na sociedade da época. Era um período difícil em que falar contra o regime imposto era perigoso e, em muitos casos, mortal. Destarte, a minha intenção é usar apenas a frase da música “sem lenço e sem documento”. Essa expressão retrata a ideia de alguém que anda sem objetos importantes para sair de casa na época da escrita. Hoje, ainda é importante sair com o documento de identidade. Alguns acrescentariam celular e acessórios; contudo, a identificação de uma pessoa ainda é uma exigência legal. Andar sem uma identificação é sempre perigoso. Se uma autoridade pará-lo, você poderá ter sérios problemas. É como dirigir um carro sem habilitação. Você pode até saber dirigir, mas você

“Águas passadas não movem moinho”

“Águas passadas não movem moinho” Por Rev. Ricardo Rios Melo Esse ditado popular: “Águas passadas não movem moinho” é bem antigo. Retrata a ideia, como diz minha sabia avó, de que, quando alguém bate em sua porta, você não pergunta: “quem era?”; antes, “quem é”.   Parece mostrar-nos que o passado não tem importância ou, pelo menos, não deve ser um obstáculo para andarmos para frente em direção ao futuro. É claro que o passado tem importância e que não se apaga uma história. Contudo, não devemos exagerar na interpretação desse ditado; apenas usá-lo com o intuito de significar a necessidade de prosseguir em frente, a despeito de qualquer dificuldade que se tenha passado. Apesar de esse adágio servir para estimular muita gente ao longo da vida, isso parece não ser levado em conta quando alguém se converte a Cristo. É comum as pessoas falarem: “Fulano se converteu? Não acredito! Ele era a pior pessoa do mundo. Como ele pôde se converter?” O mundo pode aceitar e encobrir e

“Como se não houvesse amanhã”

“ Como se não houvesse amanhã” Rev. Ricardo Rios Melo Existe uma música, da banda de rock brasileira Legião Urbana, escrita por Renato Russo, que em seu refrão diz: “ É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há .” Essa letra tem nuances contextuais e um grande aspecto introspectivo. Apenas me fixarei no belo refrão. Acredito que Renato Russo estava correto em afirmar que precisamos amar as pessoas como se o amanhã não existisse. A Bíblia fala que o amanhã trará o seu próprio cuidado: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mt 6.34). Parece-nos que a Bíblia, apesar de nos falar da esperança e da certeza da vida futura, nos chama a viver o hoje: “antes exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” ( Hb 3.13). Ao citar o Sl 95, o autor aos Hebreus ex