Nesse Domingo temos eleições para prefeito e vereador em todo País. É a hora de ouvirmos os infindáveis programas políticos na televisão e procurarmos o candidato com as melhores propostas para nossa cidade. Mas, como escolher dentre tantas propostas e tantos candidatos? Os marqueteiros dos políticos fazem o seu melhor, na tentativa de “capturar” nosso voto.
Em plena era da globalização e da famosa internet com suas milhares de informações a cada segundo, aparentemente fica fácil decidirmos em que votarmos. Contudo, logo surge uma dúvida atroz: voto naqueles candidatos que se declaram crentes? Bom, aqui são necessários alguns esclarecimentos:
1) em primeiro lugar, quero desafiá-lo a votar, pois muitas pessoas já se desanimaram com a política e com os políticos a tal ponto de “lavarem as mãos”, ou seja, votar em branco ou anular seu voto. Creio que essa não é a melhor atitude, apesar de termos esse direito, não é muito prudente deixar os quatro próximos anos ao alvitre de quaisquer pessoas. Mesmo que o nosso candidato não ganhe, é melhor termos a consciência tranqüila de que votamos na melhor proposta; isso nos leva à segunda questão:
2) devemos votar em propostas concretas e sólidas; pautadas na verdade e na possibilidade de serem realizadas em quatro anos; promessas mirabolantes não adiantam - elas nunca saem do papel;
3) devemos votar no melhor para a nossa cidade e não para nós mesmos; muitas vezes o nosso voto está embasado em nossas necessidades particulares e em nossa idiossincrasia e não na necessidade da maioria. Se as necessidades da “maioria” são boas, verdadeiras e não ferem as Escrituras, devemos lutar juntamente com toda a população de nossa cidade para que elas sejam contempladas. Nesse item, existem muitas pessoas que, no afã de defenderem o título de crentes, acabam cometendo todo tipo de erro e mau testemunho. Por isso, nosso dever é para com todos de nossa comunidade e não somente com os nossos;
4) nesse ano, apareceram vários candidatos se dizendo crentes. Em qual deles eu voto? A pergunta é: quem disse que você só deve votar em crentes? Quem foi que disse que só o fato de alguém ser crente já o qualifica para determinados cargos e ofícios? Bom, vejamos alguns exemplos. Suponhamos que você esteja prestes a viajar de avião para um outro país ou para um outro estado e lugar qualquer. Na sala de espera do vôo, você está bem tenso e alguém o tranqüiliza: fique calmo(a), o piloto não sabe voar, mas ele é crente. Em plena cirurgia do coração ou de algo complicado, na hora da incisão cirúrgica, a enfermeira (cristã) diz: “doutor, você é crente?”. Será que é prudente escolhermos nosso prefeito e nossos vereadores com esse critério?
Nós podemos muito bem saber determinado ofício em nossa vida sem que isso nos qualifique para todos os ofícios da vida. Aliás, a Bíblia nos fala que até dentro da igreja existem diversidade de dons: “Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens” (Ef 4.8). É dentro da diversidade dos dons que Paulo diz que existem vários dons na igreja e que nem todos têm o mesmo dom: “Têm todos dons de curar? Falam todos em outras línguas? Interpretam-nas todos?” (1 Co 12.30). Nesse mesmo intuito, Paulo nos fala que a igreja é abençoada na diversidade dos dons: “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres” (Ef 4.11).
Bom, se na igreja não temos os mesmos dons, imagine na sociedade que é mais numerosa. Ela também, querendo ou não, depende dos dons de Deus, pois mesmo uma pessoa que não acredita nEle recebe dons para utilidade na sociedade: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tg 1.17). Portanto, para votarmos em um crente, devemos primeiro perguntar: ele é qualificado para esse cargo? Ele honrará o nome de Deus com competência? Nada é pior do que ouvirmos o nome de Deus sendo blasfemado e desonrado por causa de pessoas desqualificadas, que muitas vezes são sinceras, mas são altamente despreparadas. Queridos, nessas eleições, fiquei muito envergonhado e muito constrangido, pois ouvi vários candidatos chamando o nome de Deus em vão. Invocam o nome de Deus para promessas que não irão cumprir e muitos deles brigam em “nome de Deus”. Nunca me esquecerei de um presidenciável, que se intitulava de ateu, mas, que nas vésperas das eleições, ao constatar que seus possíveis votos estavam decrescendo por conta do seu ateísmo, passou a visitar igrejas cristãs protestantes e, principalmente, católicas. Nessas eleições, devemos ter muito cuidado com os falsos crentes que aparecem e com o mercadejar do nome de Deus. Não utilize apenas o critério da fé para votar. Ore, leia as propostas, conheça seus candidatos, pense nos quatro anos de mandato e conclua se o seus candidatos realmente são mais adequados para nossa cidade. Afinal de contas, se votarmos errado, amargaremos a nossa escolha.
Cabe ressaltar que, se o nosso candidato tiver todas as qualidades para vereador e prefeito e ainda for crente, é claro que nossa preferência será por ele, pois sabemos que o VERDADEIRO crente não desonrará o nome de seu Pai.
Se, no final de tudo, não lograrmos êxito em nosso intento de elegermos os nossos candidatos, cabe-nos o respeito e a obediência: “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas” (Rm 13:1).
Deus nos abençoe e abençoe a nossa cidade!
Rev. Ricardo Rios Melo.
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