Sou Cristão, e daí?

Sou Cristão, e daí?

Há muito que ser cristão não passa apenas, para muita gente, de uma pergunta respondida em fichas de emprego ao se perguntar sobre religião. As pessoas respondem as fichas de emprego ou as perguntas de curiosos.

Depois de se identificarem como cristãs, as pessoas definem que tipo de cristão são: católicos, presbiterianos, batistas, pentecostais, tradicionais etc. Bom, após essa identificação mais precisa, deveríamos pensar que já poderíamos traçar um perfil comportamental da pessoa, pois religião tem a ver com implicações profundas na personalidade de alguém. Não é sem motivo que Max Weber elabora uma tese reconhecida e estudada mundialmente avaliando o comportamento dos calvinistas puritanos: A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.

Contudo, dizer ser cristão no século XXI não tem surtido muito efeito. As pessoas falam: sou cristão, e daí? Se alguém fosse considerado cristão, seguidor de Cristo, no primeiro século no período de Jesus, isso significaria: perseguição e até morte. Na negação de Pedro, vemos o medo dele se manifestando em Mateus 26.69-75: Ora, estava Pedro assentado fora no pátio; e, aproximando-se uma criada, lhe disse: Também tu estavas com Jesus, o galileu. Ele, porém, o negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes. E, saindo para o alpendre, foi ele visto por outra criada, a qual disse aos que ali estavam: Este também estava com Jesus, o Nazareno. E ele negou outra vez, com juramento: Não conheço tal homem. Logo depois, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Verdadeiramente, és também um deles, porque o teu modo de falar o denuncia. Então, começou ele a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem! E imediatamente cantou o galo. Então, Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes. E, saindo dali, chorou amargamente”.Vejamos que na negação de Pedro existiam elementos comportamentais que o identificavam com aqueles que andavam com Jesus.

Hoje, o nosso problema poderia ser identificado como crise de identidade. Ser cristão não quer dizer mais nada. Já que não corremos o risco de morremos e sermos aprisionados pelo simples fato de sermos cristãos, presenciamos o apogeu da licenciosidade, do descompromisso e da falta de crédito perante a sociedade.

Ser cristão em nossos dias, em muitos e muitos casos, em nada nos faz lembrar o caráter de Cristo e sua mensagem. A mansidão, abnegação, longanimidade, simplicidade, obediência ao Pai, amor incondicional, mensagem do Reino, santidade etc., indiscutivelmente presentes em Cristo, pouco são sentidos em nossos dias.

Há, claramente, uma tentativa conciliatória entre a cosmologia do mundo e a cosmologia cristã. Os cristãos de nossos dias estão se escondendo com facilidade. Pedro se esforçou para negar a Cristo, pois as pessoas o identificaram. Em nossa nova cristandade, não é preciso esforço para ser confundido.

Muitos cristãos, principalmente os mais antigos, há muito transformaram o cristianismo em uma religião fria que não passa de uma tradição. Portanto, não é de se admirar que seus filhos estejam saindo das igrejas ou tentando transformar a igreja em um parque de diversão.

Ser cristão não deveria ser apenas uma opção social sem nenhuma expressão, deveria modificar hábitos, pensamentos e modificar o mundo.

O nosso desafio é feito pelo apóstolo Paulo em Romanos 12.1-2: Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.

Sou cristão, e daí? Tudo em minha vida mudou, “logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gálatas 2.20).

No amor de Cristo,

Rev. Ricardo Rios Melo

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