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Sr. Atônito, o crente feliz. Rev. Ricardo Rios Melo

 Sr. Atônito, o crente feliz.

Rev. Ricardo Rios Melo 

Atônito era uma pessoa feliz que se orgulhava de de sua família. Ele dizia que tinha uma família feliz e unida. 

Certa noite, com intuito de demonstrar a unidade de sua família, ele abriu seu aplicativo de fotos e foi mostrar para seus amigos como a família estava feliz no último Natal. 

Quando abriu o álbum de fotos do aplicativo, disse: “veja como estão todos felizes e em comunhão”. 

Para surpresa de Atônito, seus amigos ficaram sem graça. Atônito resolveu olhar para as fotos e viu seus filhos rindo, mas era de algo que estava no smartphone deles. 

Então disse: “adolescentes são assim mesmo. Entretanto, olha como tenho uma esposa feliz e comunicativa!” Mais um constrangimento, pois sua esposa estava ao telefone. 

Atônito então disse: “eu me lembro que ri muito nesse dia”. Assim, ele pegou os vídeos da festa e começou a olhar. Descobriu que estava bastante animado, contudo não com a festa, e sim, com seus amigos digitais.

Às vezes, vemos pessoas em restaurantes interagindo,  mas não é com seus parentes e amigos da mesma mesa; elas estão ocupadas demais para perderem tempo prestando atenção no outro. A família não parece ser mais interessante.  Os amigos são da rede. 

Certa feita, perguntei para uma pessoa que estava já em minha casa, quando chegar aqui, avise-me. Ela sorriu e não entendeu o que eu queria dizer. Eu expliquei: seu corpo está aqui, mas sua cabeça e atenção estão em outro lugar e com outras pessoas. 

Como pastor, fico incomodado com a  quantidade de pessoas que estão no culto com seus corpos, todavia seus dedos, olhos, mentes estão em outro lugar. Falta de educação? Falta de respeito com o pregador? Não! Falta de temor diante da presença de Deus. 

Quando cantamos o hino 04 do Novo Cântico,  ele fala que Deus está no templo; provavelmente  inspirado em Habacuque 2:20: “O SENHOR, porém, está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra.”

Onde perdemos a reverência? Onde ficou a certeza que culto não é um barzinho? 

Às vezes, para minha tristeza,  vejo pessoas rindo quando deveriam chorar. A alegria delas está na ponta do dedo. Algumas parecem até que estão conversando pelos aplicativos de mensagem no próprio culto. Deve ser coincidência, mas têm horas que estão tão sincronizados que parece que tem um novo grupo no WhatsApp: unidos do desdém.  Desdém da Palavra e do culto. 

Se eu tivesse mania persecutória, diria que é uma tentativa em grupo de desestabilizar o pregador. Entretanto, minha vaidade não chega a tanto. Na melhor das hipóteses,  essas pessoas estão frias e não sabem o que é um culto. Na pior das hipóteses,  elas sabem, mas tudo fora do culto é mais prazeroso do que cultuar e ouvir Deus falando por intermédio da Pregação.  

Culto significa: “O radical da palavra portuguesa “culto” é o riquíssimo verbo latino colo, que tem o sentido original de “cultivar”. Mas o verbo latino colo adquiriu também o sentido de “cuidar de”, “tratar de”, “querer bem”, “ocupar-se de”, “adornar”, “enfeitar”. E por fim adquiriu a acepção de “honrar”, “venerar”, “respeitar”, “acatar”. Assim, o vocábulo latino cultus (particípio de colo) adquiriu o sentido de “culto”, mostrar respeito, acatamento, reverência e adoração.” (https://voltemosaoevangelho.com/blog/2022/10/culto-cristao/ - acesso 23/02/2025). 

Em nossa igreja local, tem câmeras de vídeo. Se pegarmos as gravações, como você será visto? Alegre, triste, interagindo, participando? Você estará presente? 

Quando você chegar, avise-me ! Ou melhor, diga: eis-me aqui Senhor! 


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