Igreja
missionária, o que é isso?
Fala-se muito em ser uma igreja
missionária. Muitos dizem que para isso deve-se investir muito em missões
transculturais. Se fizermos uma enquete na igreja sobre o que é uma igreja
missionária, certamente alguém falará que a igreja precisa sustentar
missionários espalhados pelos quatro cantos da terra. Contudo, será que essas
definições são necessariamente a essência de uma igreja missionária? Gostaria
de arrazoar com vocês sobre esse tema: o que é uma igreja missionária? O que
ela precisa fazer para ser considerada missionária?
Em primeiro lugar, devemos entender que
a palavra missões é um advento novo. Ela surge da compreensão da atitude
evangelística apostólica no livro de Atos e dos Evangelhos. A expressão Missão
não é encontrada no Novo Testamento, ela faz parte da compreensão do envio dos
discípulos para testemunharem de Cristo, do tão conhecido Ide (em outra tradução: indo) de Jesus (Mt 28.19).
Sendo assim, a igreja é chamada por
Jesus para fazer discípulos de todas as nações. Dentro dessa característica, a
Igreja estaria enquadrada primariamente em uma agência discipuladora. A didaskalia
é um dos objetivos da igreja.
O teólogo Carl J. Bosma nos alerta para a ênfase no ir e fazer
discípulos; a ênfase é dupla: envio = missão + ensino = fazer discípulo. A
ideia é que há uma ênfase dupla que não deve ser desassociada sob o risco da
desobediência da ordem de Jesus. É preciso mudar a concepção propagada pela
igreja hodierna ao enfatizar apenas um aspecto do texto: “Esta
importante mudança mostra a centralidade do discipulado no Evangelho de Mateus
e significa, em primeiro lugar, que, assim como os onze foram discipulados por
Jesus, eles também devem apresentar outros ao Mestre (Mt 23.8,10). Uma vez que
esse mandamento abrangente foi dirigido aos discípulos, e não aos apóstolos,
requer-se de cada discípulo de Jesus que duplique a si mesmo. Trata-se de um
processo dinâmico que implica em multiplicação”. (Carl J. Bosma, http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/Fides_v14_n1_artigo-
1.pdf.).
Ser uma
igreja missionária não significa apenas enviar pessoas, mas, sobretudo, prepará-las
para que elas possam preparar outras.
Deve-se
desconfiar de toda e qualquer igreja que fale de missões onde não há ensino da
Palavra e a própria conscientização de que ela é uma agência missionária no
lugar onde reside. É incompreensível uma igreja ser missionária sem que
evangelize o seu próprio bairro. Aliás, a igreja é feita de pessoas, portanto é
incoerente se falar de missões transculturais ou locais sem entender que somos
missionários no próprio bairro onde moramos e onde a igreja está situada. Nos
dizeres de Bosma, somos “multiplicadores”.
Portanto,
cabem algumas perguntas:
1. O que significa fazer missões?
2. Eu sou missionário? Como bem falava os antigos, “se você não é
missionário, você é campo missionário”;
3. Já que sou missionário, o que devo fazer? Ensinar: “ensinando-os a observar
todas as coisas que eu vos tenho mandado”
(Mt 28.20);
4. Entender que o meu chamado de vir a Cristo implica ir e fazer discípulos!
Dificilmente uma pessoa que não evangelize se preocupará em enviar outras.
Queridos, uma igreja missionária é,
antes de tudo, formada por membros missionários; discípulos que fazem
discípulos e os envia para fazer mais e mais discípulos para multiplicar o
Reino.
“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome
do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as
coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até
a consumação dos séculos” Mt 28.19,20 .
Rev. Ricardo Rios Melo
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