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“Com efeito, grandes coisas fez o SENHOR por nós; por isso, estamos alegres” (Sl 126:3).

Com efeito, grandes coisas fez o SENHOR por nós; por isso, estamos alegres” (Sl 126:3).

Estamos comemorando vinte e dois anos de história. Grandes lutas foram travadas para que a igreja se estabelecesse nesse bairro. Deus nos concedeu a vitória e estamos alegres pelos grandes feitos do Senhor em nossa vida. Nossos pais nos contaram os grandes feitos do Senhor e erigimos um Memorial em louvor a Deus.

Nesses vinte e dois anos, vencemos desafios e alcançamos, pela graça de Deus, várias metas. Temos que nos alegrar e cantar: “Se da vida as vagas procelosas são; Se , com desalento, julgas tudo vão; Conta as muitas bênçãos, dize-as de uma vez; E verás, surpreso, quanto Deus já fez”.

É certo que temos muito que caminhar. Precisamos vencer o desafio de comunicar o evangelho em nossa região. A palavra “comunicar” vem do latim communicare, que significa tornar comum. O comum a que nos referimos não é a banalização de um conceito, mas, o primário real, etimológico: que devemos participar a outrem sobre as nossas idéias, pensamentos e, em nosso caso, o Evangelho.

Tornar o Evangelho conhecido em nossa época não é tarefa fácil. A Igreja, de modo geral, tem perdido a capacidade de entender o homem moderno e suas idiossincrasias. Se nos importamos com o outro, devemos procurar entendê-lo. Em primeiro lugar, devemos entender a nossa cultura, formação e o que nos aproxima e o que nos distingue dos demais. Saber que o homem é pecador e carece da glória de Deus é o conceito certo, contudo, um conceito generalizante. Ele nos norteia em relação a nossa posição com Deus e a mensagem central, porém não descreve de maneira específica as características da ação do pecado em cada cultura e de como devemos comunicar o Evangelho em cada cultura.

Para não ser mal compreendido, darei o exemplo de Paulo: ele escreve em Rm 3.9-18: “Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado; como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos, há destruição e miséria; desconheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos.”

Entretanto, esse mesmo Paulo que escreveu essa poderosa constatação utiliza maneiras diferentes para comunicar o Evangelho. Se dermos uma atenção mais apropriada ao texto de Atos e às viagens missionárias de Paulo, perceberemos que ele modificava a abordagem, não a mensagem! Ele sabia com quem estava falando e o que eles precisavam ouvir. Ele usava uma máxima do bom educador: “partir do conhecido para o desconhecido”; ele tentava se comunicar. Com os atenienses, Paulo utilizou a cultura local e um modo indireto para atingir seu objetivo; aos coríntios, igreja que já conhecia o Evangelho, ele falou de maneira clara e objetiva; aos romanos, ele usou uma técnica retórica chamada diatribe e um eu retórico imaginário, muito utilizado pela filosofia e, inclusive, muitos anos depois, por Agostinho em seus Solilóquios e a Vida Feliz.

Quando a Bíblia fala de amar ao próximo, devemos incluir o se importar com o próximo. Isso significa que eu prestarei atenção às suas demandas, alegrias, tristezas etc. Eu tentarei compreender suas origens, cultura e o que eles conhecem sobre Deus.

Queridos, vivemos em um “gueto” cristão. Cada dia, caminhamos para uma igreja que não tem feito diferença na sociedade e que não se comunica com o homem moderno, muito menos se interessa por ele.

A nossa tarefa como igreja Memorial da Barra é entender o nosso país, estado, cidade, bairro e as pessoas individualmente. Não podemos comunicar o Evangelho aos nossos vizinhos, amigos, parentes ou a qualquer pessoa se não tornamos comum o incomum; passar do conhecido para o desconhecido, o Evangelho da graça.

É momento de nos alegrarmos! É momento de celebrarmos ao nosso Deus por Sua mão graciosa, mas também é momento de refletirmos sobre os grandes desafios que temos que enfrentar: glorificar a Deus fazendo a diferença em nossa região; onde Deus erigiu um Memorial.

Que Deus nos faça vencer esse desafio!

Rev. Ricardo Rios Melo

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