As esperanças se renovam a cada ano que se anuncia. As pessoas renovam suas esperanças. A crise e a recessão, apesar de dar calafrios, são esquecidas momentaneamente, pois a expectativa de um ano melhor é melhor do que o pessimismo.
O governo anuncia um crescimento pálido, mas é um crescimento! A indústria automobilística anuncia suas perdas, mas suas esperanças são renovadas pelos pacotes do governo e a ajuda vinda dos EUA.
“A Toyota anuncia seu primeiro prejuízo em 70 anos de história” [1], nada mal para quem faturou por 70 anos consecutivos, não acham?
O crédito para pessoas físicas, que inicialmente foi ameaçado aqui no Brasil, mostra substancial crescimento: “Com o crescimento do estoque do mês passado, o volume total de crédito do sistema financeiro ultrapassou a marca de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) - novo recorde histórico. O BC já esperava que esta marca fosse ultrapassada até o fim deste ano. O volume total atingiu 40,3% do PIB em novembro, contra o número revisado de 39,6% em outubro”.[2]
O comércio, inicialmente apreensivo, mostra sinal de melhora em suas vendas: "Eu esperava um Natal muito pior com esta crise mundial. Mas, a verdade é que vamos vender o mesmo que o Natal passado", explicou o gerente da Borges Calçados do Salvador Shopping, James Santos.”[3]
O papa Bento XVI conclama sua igreja, a Igreja Católica Apostólica Romana, como também a humanidade, para uma defesa da “ecologia humana”. Nesse discurso, o pontífice católico reforça a posição da “Santa Sé” contra o a prática homossexual: “Ele afirmou que os comportamentos que vão além das relações heterossexuais são "a destruição do trabalho de Deus". Durante o discurso contra o homossexualismo, Bento XVI defendeu a criação de uma "ecologia humana", dizendo que a Igreja não pode se limitar a transferir a seus fiéis a mensagem da salvação, mas que também tem uma responsabilidade sobre a criação - (A Igreja) também deve proteger o homem da destruição de si mesmo. Um tipo de ecologia humana é necessário - afirmou. - Não é o homem que decide, é Deus que decide quem é homem, quem é mulher. ”[4]
Parece que o fim de ano é momento de reafirmar as esperanças e as convicções. Há uma nuvem de esperança no ar. As pessoas ficam mais acessíveis e misericordiosas. Por um pequeno instante, parece que o ser humano fica mais humano nesse período de natal e véspera de ano novo.
As festas estão marcadas para “enterrar” o ano de 2008 e dar boas-vindas a 2009. Os fogos, que dantes eram usados para afugentar os maus espíritos, fazem o seu papel pirotécnico. A música agitada e o olhar sempre atento ao relógio confirmam que essa data tem algo diferente, “meio mágico”. O champanhe está borbulhando em expectativa para romper a barreira da rolha que o impede de estourar. Feliz ano novo! São os gritos de sempre. Abraços, beijos e cumprimentos calorosos e felizes pelo ano nascente são de praxe.
Queridos, diante de tanta expectativa, projetos e esperança renovada, como deve se comportar a igreja de Cristo? Como é que você recebe o novo ano? Quais são os seus anelos? Quais foram os projetos traçados por você para 2009? Certamente, você sabe de tudo isso que foi relatado nesse boletim: crise, recessão, crescimento, comércio esperançoso, papa declarando “guerra ao homossexualismo” e outros relatos que foram omitidos pelo curto espaço que temos para expô-los.
No entanto, o que nos interessa saber é se dentro dos diversos projetos que você traçou, há lugar para Deus neles? Será que, ao traçar objetivos para 2009, você traçou mais comunhão com o Pai, santidade, evangelização, adoração, tempo para meditar em Sua Palavra, compromisso mais sério com sua igreja local, dedicação a obra do Senhor, oração por sua igreja e liderança local, fidelidade na vida e nos dízimos e ofertas, amor a seu irmão, assiduidade aos cultos e programações de sua igreja? Será, querido irmão, que você incluiu em seu projeto do ano novo a gratidão pela providência diária de Deus?
Ano após ano, as pessoas renovam suas esperanças e as alicerçam em lastros efêmeros. Plantam suas raízes em terreno rochoso ou sem profundidade. Suas casas são construídas na areia da praia e sua confiança repousa no braço fraco dos homens. Planejam suas vidas apenas na perspectiva plana, horizontal, terrena. Esquecem-se de Seu Criador. De repente, vem uma crise que põe em cheque tudo o que foi planejado. Vem uma enfermidade e mostra o quanto somos frágeis; uma catástrofe abala nossas esperanças e, muitas vezes, na hora de renovarem suas esperanças em Deus, perguntam-se: “onde está Deus que não viu isso tudo acontecer?” “Do céu olha o SENHOR para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus.”( Sl 14.2 )
Sabe qual é o pior disso tudo? É que muitos crentes apóiam suas esperanças nas mesmas coisas que os descrentes: emprego, plano de governo, inteligência, força, capacidade pessoal, empresa, casamento, família, filhos, discurso político etc. Planejam suas vidas sem Deus. “Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo” (Tg 4. 13-15). Elaborar planos sem Deus é como escrever um projeto de vida ou construir um castelo de areia na areia na praia. Logo virá a onda e levará seus planos e projetos de uma vida inteira.
Devemos perceber que o ano é passageiro e que o tempo corrido em que vivemos faz com que anos e dias pareçam mais curtos, pois nós preenchemos todos os horários que antes eram disponíveis.
No mundo globalizado, a informação é rápida e os relacionamentos de igual modo. Os compromissos se avolumam a tal proporção que, se você não parar para respirar, será consumido pela “tirania do urgente”.
Nesse ritmo frenético, as pessoas não têm tempo mais para Deus. Os próprios crentes deixam de lado sua comunhão com o Criador, e correm atrás do vento: “Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento” (Ec 1.14); “Apliquei o coração a conhecer a sabedoria e a saber o que é loucura e o que é estultícia; e vim a saber que também isto é correr atrás do vento” (Ec 1.17); “Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol” (Ec 2.11); “Pelo que aborreci a vida, pois me foi penosa a obra que se faz debaixo do sol; sim, tudo é vaidade e correr atrás do vento” (Ec 2.17) ; “Porque Deus dá sabedoria, conhecimento e prazer ao homem que lhe agrada; mas ao pecador dá trabalho, para que ele ajunte e amontoe, a fim de dar àquele que agrada a Deus. Também isto é vaidade e correr atrás do vento” (Ec 2.26); “Então, vi que todo trabalho e toda destreza em obras provêm da inveja do homem contra o seu próximo. Também isto é vaidade e correr atrás do vento” (Ec 4.4) “Melhor é um punhado de descanso do que ambas as mãos cheias de trabalho e correr atrás do vento” (Ec 4.6); “Era sem conta todo o povo que ele dominava; tampouco os que virão depois se hão de regozijar nele. Na verdade, que também isto é vaidade e correr atrás do vento” (Ec 4.16); “Melhor é a vista dos olhos do que o andar ocioso da cobiça; também isto é vaidade e correr atrás do vento” (Ec 6.9).
Que nesse ano de 2009, você não corra atrás do vento. Faça diferença: seja crente! “Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?” (Mt 16.26).
Que Deus nos abençoe!
Rev. Ricardo Rios Melo.
[1] http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ - acesso em 23 de dezembro de 2008.
[2]http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL933109-9356,00- CREDITO+VOLTA+A+SUBIR+EM+NOVEMBRO+E+ULTRAPASSA+DO+PIB.html - acesso em 23 de dezembro de 2008.
[3] http://www.atarde.com.br/jornalatarde/economia/noticia.jsf?id=1036504 – acesso 23 de dezembro de 2008.
[4] http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2008/12/22/papa-compara-protecao-as-florestas-combate-ao-homossexualismo-587504787.asp - acesso em 23 de dezembro de 2008.
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