Mais uma bomba explodiu no tão desgastado cenário político e econômico brasileiro. Aliás, não é uma bomba, é uma navalha! Uma operação da Polícia Federal, chamada Operação Navalha, debelou uma quadrilha de corrupção que atuava espoliando os cofres públicos por intermédio de licitações milionárias e fraudulentas e que usava o velho adágio popular: “é dando é que se recebe”. Valendo-se desse lema, a quadrilha subornou políticos e autoridades que jamais imaginaríamos.
Segundo a Polícia Federal e noticiários da imprensa falada e escrita, “o líder do esquema, apontado como ‘chefe dos chefes’ no despacho do Superior Tribunal de Justiça que autorizou as prisões, era o empreiteiro Zuleido Soares Veras, 62 anos, dono da empresa Gautama, com sede em Salvador e tentáculos por todo o Nordeste” (Veja, 23 de maio de 2007, p. 57). Só por curiosidade, o nome Gautama, segundo o empresário, foi dado em homenagem a Sidarta Gautama (Siddhartha Gautama - 560-477 a.C.) que, posteriormente, foi chamado de Buda (Budha). A curiosidade reside no fato de que Sidarta, oriundo do sul do Nepal, na Índia, após o nascimento do seu primeiro filho, abandonou o luxo do palácio de seu pai, que era rei do clã Shakya, para viver uma vida contemplativa e ascética, com total desapego à vida material.
Essa operação da Polícia Federal trouxe à tona, mais uma vez, o descalabro de nossa sociedade que vive como que em uma instituição formal aparentemente ilibada, mas cuja raiz está podre. Dentro da ótica humana e superficial, vamos presenciar mais um escândalo das dezenas de escândalos que permeia nossa conjuntura política, social, jurídica. Todas as esferas, aparentemente, estão envolvidas nos esquemas de corrupção, segundo consta nos noticiários. Os jornalistas televisivos já nos informaram que até a Polícia Federal que desbaratou a quadrilha será investigada por vazamento de informações. Pode uma coisa dessas? A Polícia desvenda um caso tão complicado, com cenas parecidas com as dos filmes Hollywoodianos sobre o FBI, e ainda será investigada por vazamento de informações. A respeito disso, não cabe a nós, “reles” mortais, opinar, porque, afinal de contas, os políticos, salvo exceções, não estão nem um pouco preocupados com as nossas opiniões. Eles só nos procuram nas eleições.
A Operação Navalha pode não aprofundar o corte em sua ação, pois essa navalha é humana e sujeita aos erros, julgamentos e condescendências políticas, chamadas pelo escritor português José Saramago de “caciquismo brasileiro”. Contudo, existe uma operação mais profunda que começou há mais de dois mil anos. Operação essa que chamaremos, com toda reverência, de Operação Machado. Ela foi deflagrada não por uma autoridade humana, mas começou profetizada pela boca de um profeta de Deus: “Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo” (Mt 3.10). Dessa operação, ninguém pode escapar! É uma operação internacional, pois todos os homens, de toda parte do planeta, terão que passar pelo crivo do machado.
Todo aquele que não produzir frutos de arrependimento será lançado ao fogo! Essa expressão é muito forte! Ela diz que o corte é profundo. Será feito à raiz da árvore. Não serão cortados apenas os galhos e a folhagem, não! Deus cortará pela raiz todo o homem que não estiver dando frutos. E, para que renda frutos, o ser humano tem que crer em Cristo. Essa palavra de João Batista é acompanhada do encontro que ele tem com Jesus. Jesus é o dono do machado e Deus é o Supremo Agricultor. No restante dos versículos, Mateus nos revela: “A sua pá, ele a tem na mão e limpará completamente a sua eira; recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível” (Mt 3.12). O trigo, nessa passagem, representa as pessoas que se arrependeram de seus pecados e do pecado mais horrendo que existe que é a pretensão e soberba de viver a vida em desobediência a Deus e sem Deus. Essas pessoas disseram sim a Jesus e a uma vida de lutas contra os pecados e as vicissitudes do mundo. Disseram sim a Jesus, porque Jesus, antes de tudo, tinha dito sim a elas no processo amoroso de Deus na conversão. A palha representa todo aquele que permanece altivo diante de Deus e diz em seu coração: não há Deus! “O perverso, na sua soberba, não investiga; que não há Deus são todas as suas cogitações” (Sl 10.4). Se você vive sem Deus ou cogita a inexistência de Deus ou, quem sabe, acredita na existência de Deus, mas não na obediência - você se enquadra na palha que será queimada no último dia. Crer e obedecer são inerentes, ninguém pode crer sem obedecer e ninguém pode obedecer sem crer. Obediência sem fé é mera religião vazia! E esse texto nos fala disso também. Dentre os ouvintes de João Batista, nesse texto de Mt 3, haviam os Fariseus, religiosos de plantão e outro grupo mais herético: os Saduceus, que não acreditavam na ressurreição. Todos eles formam uma boa representação de uma religião vazia. João diz a essas pessoas: “Vendo ele, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura?” (Mt 3.7). Por outro lado, a fé sem obediência é hipocrisia também: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” (Mt 7.21).
Queridos, a Operação Navalha talvez “acabe em pizza”, como muitos sem esperança já dizem. Pode até fazer cortes profundos na corrupção que corrói o cenário nacional e a crença de uma população desgastada, dorida e já há muito sem esperança. Todavia, essa operação jamais atingirá a raiz de todos os males: o pecado! Para se cortar essa raiz, só Jesus com sua obra substitutiva na cruz! Entretanto, esse mesmo Jesus que salva pecadores é Aquele que veio colher o seu trigo e lançar a palha no fogo inextinguível. Cuidado! Sua religiosidade não poderá salvá-lo; sua descrença apenas aquecerá mais o seu terror, aumentando seu juízo certo; sua “fé” desobediente encontrará fim na ordem inequívoca e inquestionável de Deus: “Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade” (Mt 7.23).
Amados, da Navalha, alguém pode escapar, mas, do Machado, ninguém escapará! Agora mesmo se pergunte: você é trigo ou palha? Se você é palha, será apenas o combustível do fogo que não se apagará, mas, se é trigo, Deus o abençoe e preserve-o na verdadeira e única fé. E não se esqueça: enquanto há fôlego de vida em suas narinas, você poderá se arrepender de seus pecados e produzir frutos para glória de Deus!
Cuidado! Pois Já está posto o machado à raiz!
Deus nos abençoe!
Rev. Ricardo Rios Melo
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