Este é um espaço para discussões teológicas, culturais, filosóficas e tudo que envolve a vida. O autor segue a linha reformada como lentes para enxergar o mundo.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
A modernidade e a animalização do homem
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Estêvão e Kiko
Estêvão e Kiko
Hoje eu quero lhes apresentar dois membros da igreja: um se chama Estevão e sua biografia é ampla. Foi chamado por Jesus e logo foi comissionado diácono; suas credenciais estão em At 6.5: “homem cheio do Espírito Santo”, “Cheio de graça e poder” (At. 6.8). Evangelista intrépido que incomodava a liderança religiosa da época (At. 6.9-15) também era um homem que tinha a sabedoria do Espírito (At 6.10).
Este Estevão é ativo, trabalhador. Como diriam alguns, “não tem tempo ruim”. Trabalhou tanto para o Senhor e incomodou tanto que tentaram calar seus lábios com testemunhas falsas (At 6.11). Levaram-no a um falso julgamento e o sentenciaram a morte; cometeram um crime, pois tanto o julgamento como a sentença foram incorretos e até a pena de morte aplicada foi fora da lei da época (At 7.1-60).
Estêvão tinha mais uma característica. Ele conhecia as Escrituras e confiava plenamente
E o irmão Kiko? Vou lhes apresentar: o irmão Kiko é um irmão muito ocupado com seus afazeres, não tem tempo para testemunhar de Cristo. Desde que entrou na igreja nunca se engajou verdadeiramente na obra. É chato falar assim de alguém, mas esse irmão precisa de uma atenção redobrada, pois não progrediu na fé. Apesar de anos na igreja, continua soberbo e culpando a liderança e os outros por sua falta de engajamento na igreja local e no Reino de Deus.
Kiko deveria ser convidado para ser crítico de obras, pois, tudo o que os outros fazem, ele critica. Ele sempre acha que o que faz é melhor do que faz o outro. Contudo, não tem feito nada. É o famoso “fiscal de obras prontas!” É crítico ferrenho da igreja de Cristo e da liderança local. Sempre diz o que os outros deveriam fazer, entretanto não faz nada e muito menos se coloca como participante da crítica: autocrítica zero!
Estevão era um homem cheio do Espírito. Kiko é um crente cheio de si. Estevão era ativo e trabalhador; Kiko quer ver “se o mar pega fogo para ele comer peixe frito” – prefere ver as coisas darem errado para bater palmas e dizer: “eu não disse?!”.
Kiko chega, senta, assiste e vai embora do mesmo modo que chegou. Ele acredita que os sermões do seu pastor não têm na a ver com ele. Aliás, ele sempre acha que outros pastores ou pregadores são melhores do que o seu, pois Kiko sabe do que precisa e conhece todas as técnicas de pregação. Vale dizer, Kiko é formado em achologia e experienciologia; nada é mais profundo do que esse conhecimento. Para lhe ser mais franco, Kiko é doutor em qualquer área!
Kiko é um revolucionário por natureza! Ele sempre quer provocar uma revolução na igreja, ele quer uma insurreição. Ao invés de falar suas críticas aos líderes, ele prefere falar aos quatro cantos da igreja. É uma pessoa popular que contagia as outras com seu pessimismo e revolta. Muitas vezes, Kiko é saudosista de uma época da igreja em que ele nunca foi mais ativo do que é hoje.
Estêvão foi fiel até a morte. Kiko é fiel dependendo das circunstâncias e de quem está à frente da igreja. Estevão não se acovardou ante a situação de perigo e morte. Kiko que ver as coisas de longe. Ele é bem parecido com a fase ruim de Pedro quando negou a Cristo (Mt 26.75).
Kiko é sábio aos seus próprios olhos. Estêvão era sábio aos olhos do Senhor. Kiko é rancoroso, usa sua língua para difamar e provocar contendas, é cheio de mágoa e sem misericórdia para com os seus adversários. Estêvão usou seus lábios para pregar o Evangelho e orou pelos seus adversários: “Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado! Com estas palavras, adormeceu” (At 7.60).
Kiko é inconstante e de ânimo dobre. Estevão testemunhou até o fim de sua vida. Kiko tem saudades do que era. Estêvão sempre foi o que é. Kiko é arrogante. Estêvão humilde. Kiko olha de longe. Estevão faz.
O nome Estêvão vem da palavra grega transliterada Stephanos que significa: coroado ou coroa. Realmente ele é coroado e recebe a coroa da vida tendo a glória de ver o Senhor instantes antes de sua morte terrena: “Mas, Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o filho do Homem, em pé à destra de Deus” (At 7.55,56).
Kiko é uma gíria brasileira que significa: o que é que eu tenho com isso? Kiko receberá sua paga no último dia. Se continuar desse jeito, é improvável que veja o Senhor com alegria. Talvez Kiko tenha a triste sentença: “Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade” (Mt 7.23). Se Kiko for crente, ele está em pecado e deverá mudar sua vida para receber a coroa.
Queridos quem são vocês: Estêvão ou Kiko? Quem você gostaria de ser?
Espero que você escolha seguir o exemplo de Estêvão e assim receba a coroa da vida!
Deus os abençoe!
Rev. Ricardo Rios Melo
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Arrastando a Cruz
Arrastando a Cruz
Aprender a observar é uma arte que dá trabalho. A prática da observação requer interesse por aquilo que se observa. Jesus constantemente usava as expressões “olhai”, “observai”, que significam olhar com a mente, considerar atentamente, comparar.
Em 2 Coríntios 13.5, o apóstolo Paulo fala do auto-exame usando a palavra examinar: “Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados”. A idéia da palavra examinar é de testar, apurar se realmente uma tarefa pode ser realizada. Essa palavra também é usada no sentido positivo de provar e, dependendo do contexto, pode ser usada como tentar. Os coríntios deveriam testar se realmente estavam na fé.
Partindo da idéia da observação e da auto-observação, poderemos nos debruçar de maneira atenta para a igreja moderna. Pensemos de uma maneira bastante reflexiva sobre esse assunto. A tentativa é: primeiro, observarmos ao nosso redor; segundo, olharmos para nós mesmos. Para essa análise, convido-os a refletirem em uma frase de J. E. Vaux:
“A cruz é mais fácil para aquele que a carrega do que para aquele que a arrasta pelo caminho”.
Sem medo de ser duro ou olhar com severidade a igreja hodierna, acredito que muitos que se consideram crentes estão se arrastando pela fé. Não estão carregando a cruz e praticando a auto-morte; o mortificar dos nossos pecados. Não praticam a auto-negação. Pelo contrário, querem o melhor dos dois mundos: a eternidade e a não aplicação do juízo e viver nesse mundo sem nenhuma renúncia.
Jesus declara que veio aliviar os que estavam cansados e sobrecarregados e disse em Mateus 11:28-30: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”.
O que será que está acontecendo? As pessoas estão cansadas, desanimadas, secularizadas, escravizadas ao dia-a-dia, consumidas pela pressa do tempo que não espera, desamparadas, desatentas.
Conversando com alguns líderes, temos algumas sensações bastante conflitantes. Alguns relatam o crescimento de suas igrejas e o desenvolvimento de projetos do Reino, com isso, ficamos felizes e cheios de júbilo! Outros líderes relatam a dificuldade que enfrentam no crescimento das igrejas que lideram. Então, ficamos tristes.
A conversa continua e percebemos mais nitidamente a situação, pois uma parte dos que dizem que suas igrejas estão crescendo, resguardando as belas exceções, confessa que não sabe a profundidade da raiz da semente que foi plantada, pois há um vazio no testemunho e pouco compromisso com Cristo e com Sua igreja.
Há um tempo, compartilhando com um pastor sobre a tristeza de ver a igreja vazia no horário noturno e, às vezes, no diurno, ele me consolou: “acontece a mesma coisa na minha igreja”. Quando ouvi esse relato, tive duas sensações: a primeira foi bem carnal e auto-justificatória: “viu que não é só na minha igreja?”. Mas, Deus que nos trata e nos corrige imediatamente repeliu esse sentimento com uma tristeza profunda e, desde então, tenho tido muito cuidado em minhas observações, pois percebo que, ao olharmos para o outro, temos que, antes de tudo, olharmos para nós mesmos.
A primeira pergunta deve ser: e eu nisso tudo? Como estou? Certa feita Jonathan Edwards disse:
“Quando olho para dentro de meu coração e observo minha iniqüidade, ele parece um abismo infinitamente mais fundo do que o próprio inferno”.
Essa compreensão do próprio pecado fez o apóstolo Paulo declarar que é o principal dos pecadores (1 Tm 1.15). Quando olharmos para os outros, devemos voltar os olhos para nós mesmos, pois precisamos de um auto-exame pautado nas Escrituras: como eu estou diante desse comportamento do outro que agora eu condeno? “Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio?” (Mt 7:3).
Portanto, ao observarmos que muitos se arrastam na fé e estão pesados, perceberemos que se aplica a exortação do autor aos Hebreus 12.1: “Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta”.
A corrida está cansativa e pesada porque muitos estão embaraçados pelo pecado e não conseguem correr. Estão arrastando a Cruz.
Muitos encontram justificativas no outro para não congregarem ou não testemunharem de Cristo; frases são formuladas, por exemplo: “essa igreja desanima qualquer um”, “não consigo gostar desse pastor”, “essa liderança não anima ninguém a vir à igreja”, “eu já desisti, com essa liderança eu não faço nada”. Essas são frases, no mínimo, soberbas, pois demonstram que o problema está no outro, não houve nenhuma auto-avaliação.
A palavra ânimo, oriunda do latim, significa disposição resoluta e inalterável, em face de situações difíceis; coragem. O desânimo é creditado ao outro, quando na verdade vem de nós. O ânimo deve vir do Senhor, pois é Ele que nos encoraja: “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz
Às vezes o que fazemos é aquilo que a psicanálise chama de projeção: lançar no outro aquilo que é meu. Por mais que as coisas sejam desmotivadoras, a desmotivação é minha, vem de dentro e não de fora.
O apóstolo Paulo foi perseguido pelos de dentro e pelos de fora, sofreu violência e preconceito dos judeus e dos próprios irmãos cristãos, tinha profunda tristeza por ter perseguido o Senhor Jesus e os irmãos do Caminho, entretanto ele declara: “Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece” (Fl 4.12-13). Em 1 Coríntios 9:16 : “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho!”. Em 2 Coríntios 4.8, “Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados”.
Querido, olhe para você e se pergunte: estou realmente carregando a cruz? Estou enxergando verdadeiramente o problema? Tenho tirado o argueiro do meu olho? Posso atirar a primeira pedra? Cuidado para não arrastar a cruz!
“É inútil grandes grupos de crentes gastarem horas e mais horas implorando que Deus mande um avivamento. Se não pretendemos nos reformar, também não devemos orar” (A. W. Tozer).
Que Deus nos corrija!
Rev. Ricardo Rios Melo
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