Autonomia: a prisão da liberdade e a solidão social


Século 21; era dos telefones celulares que são verdadeiros computadores de bolso. Época da evolução dos Mp3’s, aparelhos de TV individual nos celulares e em tamanho que cabe em uma mão; óculos com TV e amizades virtuais pela internet, inclusive jogos de computador com o qual o jogador pode criar uma segunda vida (Second Life) virtual e viver e relacionar-se com personagens criados eletronicamente. A Internet diminuiu o mundo em um simples clicar.

O encurtamento das distâncias geográficas, entretanto, não significa que as pessoas se tornaram mais felizes ou menos solitárias. Apesar dos avanços tecnológicos, houve uma regressão nos relacionamentos interpessoais. Os indivíduos se tornaram cada vez mais individualistas e avessos às leis. O curioso dessa aversão às leis é que não existe liberdade sem legislação que garanta essa liberdade. É só repensar a história que veremos que direitos foram conquistados com lutas e com leis que garantem esses direitos.

Na era do vazio, como bem falou Gilles Lipovetsky, as pessoas se tornaram mais hedonistas e narcisistas. Até em seus relacionamentos, as pessoas buscam quem pareçe com consigo mesmas. “A cultura pós-moderna é a cultura do felling e da emancipação individual estendida a todas as categorias de idade e de sexo. A educação, antes autoritária, tornou-se altamente permissiva, atenta aos desejos das crianças e dos adolescentes enquanto, por toda a parte, a onda hedonista elimina a culpa do tempo livre e encoraja a nossa entrega a ele sem entraves e o aumento da quantidade de lazeres. A sedução: uma lógica que segue seu caminho, que não poupa mais nada e que, assim, fazendo, cria uma socialização suave e tolerante, dedicada a personalizar-psicologizar o indivíduo” (Gilles Lipovetsky, A Era do Vazio – ensaios sobre o individualismo contemporâneo, Barueri, SP, Manole, 2006, p. 5).

A palavra autonomia é originária do grego e significa a faculdade de se governar por si mesmo. Esse princípio foi usado por Adão quando Deus ordenou que não comesse do fruto da árvore do bem e do mal. Ele ouviu sua mulher, que já fora antes seduzida pela serpente, transgrediu a lei de Deus e seguiu sua própria lei (Gn 3.17).

Quanto mais o homem busca a autonomia, ele se torna escravo de sua própria lei. Os homens de hoje são egoístas e individualistas. Esse egoísmo e aversão às leis e principalmente à lei de Deus têm feito o homem refém do pecado e de suas conseqüências hedônicas. Hoje o homem é escravo dos seus prazeres e de seus vícios. A autonomia tão esperada e celebrada gerou uma sociedade presa do medo, vazia e solitária. As pessoas ouvem músicas sozinhas em seus Mp3’s e o telefone celular substituiu o telefone da família, pois esssa não existe mais.

As leis do país são transgredidas em prol da “liberdade individual” e do interesse pessoal em detrimento do coletivo. Muitos políticos são egoístas e usam o dinheiro “público” para seu bel-prazer. A educação libertária aprisionou nossos filhos à rebeldia, à falta de respeito e ao egocentrismo. Até na igreja do Senhor Jesus, algumas pessoas utilizam o nome de Deus para enriquecimento próprio e autopromoção.

Caríssimos, não devemos sucumbir à autonomia pecaminosa e contrária a Deus. Devemos nos submeter à lei de Deus; às autoridades civis; às autoridades da igreja; à constituição do Brasil e à constituição da nossa Igreja. Ninguém com pretexto da “liberdade” ou democracia pode prescindir das normas da Igreja e principalmente da Lei de Deus. Autonomia é pecado e leva à solidão social, pois, sem regras sociais não existem relacionamentos. “Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes” (2 Tm 3. 1-5). Aos gálatas, Paulo adverte: “Tomara até se mutilassem os que vos incitam à rebeldia. Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor” (Gl 5.12,13).

Soli Deo Gloria

Rev. Ricardo Rios Melo.

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